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Doria quer conceder Pacaembu à iniciativa privada e privatizar Interlagos

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Autódromo de Interlagos (Duda Bairros)

Autódromo de Interlagos (Duda Bairros)

Os dois locais esportivos mais históricos da cidade de São Paulo, o autódromo de Interlagos e o estádio do Pacaembu – ambos inaugurados em 1940 –, serão alvo de privatização e concessão, respectivamente, na próxima gestão da Prefeitura de São Paulo. Essa é a intenção do prefeito eleito, João Doria. Na manhã desta segunda-feira, dia 3 de outubro de 2016, o tucano foi entrevistado pela rádio Bandeirantes e afirmou que, embora a iniciativa privada possa administrar os dois, eles terão destinos diferentes.

Doria nem sequer mencionou o automobilismo quando falou do autódromo. “Será o maior centro de eventos ao ar livre da América Latina para shows”, disse. Ele acredita que o entretenimento não esportivo será uma importante fonte de receita para a empresa que adquirir o autódromo. Interlagos, que atualmente é administrado por uma empresa de capital misto, a São Paulo Turismo (da qual a prefeitura é a sócia majoritária), já é, desde 2014, a “casa” do festival Lollapalooza Brasil. O kartódromo, segundo João Doria, também será privatizado. A população continuará podendo usar livremente o parque perimetral de Interlagos.

O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 aparece no calendário de 2017 da categoria com um asterisco, ou seja, ainda não está confirmado, mas existe um contrato válido até 2020. O problema é que o evento tem sido deficitário para os organizadores. O autódromo passa por reformas, e a que recebeu investimento do governo federal (R$ 160 milhões oriundos do PAC do Turismo) tem término previsto para o próximo ano.

Já a proposta de Doria para o estádio do Pacaembu guarda semelhanças com a de Fernando Haddad. “Eu sou santista. É um estádio muito querido. É gostoso ver futebol lá – mesmo com arenas modernas. Mas custa quase R$ 9 milhões por ano, pode ser concedido para o setor privado e ser melhorado”, afirmou o prefeito eleito, segundo o qual o Paulo Machado de Carvalho será destinado ao futebol – não a shows. Ele declarou que o uso do complexo poliesportivo permanecerá gratuito.

No ano passado, a gestão Haddad lançou um chamamento público justamente para que o Pacaembu passasse a ser administrado pela iniciativa privada. A empresa vencedora da licitação, porém, teria de modernizá-lo de acordo com requisitos mínimos estabelecidos pela prefeitura. Os estudos já apresentados pela iniciativa privada são ainda analisados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico.

O tucano ainda declarou que pretende privatizar o complexo do Anhembi, incluindo o pavilhão de exposições e o sambódromo. Nada falou sobre o futuro ginásio do Anhembi, resultado de um chamamento público da gestão atual, a de Haddad. O vencedor da licitação dessa “arena multiúso coberta”, a ser construída e gerida pela iniciativa privada ao lado da concentração do sambódromo mediante o pagamento de outorga, deve ser conhecido ainda neste ano. Trata-se de uma ideia apresentada à prefeitura paulistana (mais precisamente à SPTuris) pela Time For Fun (T4F), gigante brasileira do entretenimento, em 2014.

Na entrevista, o novato na política não sinalizou ajuda à Associação Portuguesa de Desportos, que tem dívidas milionárias, inclusive com a prefeitura, dona da maior parte do terreno do Canindé. A outra parte dele pode ser leiloada ainda neste ano por causa de processos trabalhistas. E Doria disse que estudará a situação do clube.

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