São Paulo - região metropolitana

Haddad diz que falta de bons ginásios restringe eventos esportivos em SP

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Ginásio do Ibirapuera preparado para Copa Davis (Marcello Zambrana)

Ginásio do Ibirapuera preparado para Copa Davis (Marcello Zambrana)

O prefeito de São Paulo, Fernarndo Haddad, nota uma defasagem dos ginásios da cidade e diz que, por causa disso, a capital paulista deixa de receber maiores e melhores eventos esportivos. Em entrevista ao programa “Bola da vez”, da ESPN Brasil, o petista revelou uma possibilidade de o Anhembi, na zona norte, ser uma solução para o problema.

O maior ginásio paulistano, o do Ibirapuera, que é administrado pelo governo estadual, foi inaugurado em 25 de janeiro de 1957. Passou por uma reforma geral em 2010 e 2011, mas ainda apresenta problemas de circulação de ar, por exemplo, e não é o mais adequado para sediar grandiosos eventos, como foi o jogo amistoso entre o Miami Heat e o Cleveland Cavaliers, times da NBA, que aconteceu na HSBC Arena, no Rio de Janeiro, a qual conta com 13.268 assentos fixos e foi inaugurada em 2007.

A capacidade do ginásio do Ibirapuera está entre 10 mil e 11 mil. Em 10 de agosto, 10.315 torcedores viram de perto Brasil x Estados Unidos, do Grand Prix de vôlei, lá. Quem realiza shows no principal ginásio paulistano tem dificuldades para montar a estrutura, pois as dimensões de portas e corredores, por exemplo, são as mesmas desde a década de 1950.

“Nossos ginásios estão defasados”, disse Haddad. “O do Ibirapuera é dos anos 1950 e não se presta mais a grandes eventos esportivos.” O maior evento já agendado para o ano que vem lá é uma etapa da Copa do Mundo de ginástica artística – de 1º a 3 de maio.

O prefeito vê necessidade de haver locais para a realização de eventos cujo público seja superior ao que o Ibirapuera pode receber. O Madison Square Garden, em Nova York (EUA), tem a capacidade desejada por Haddad. “Temos sido procurados por empreendedores querendo arenas de 20 mil lugares para promover esse tipo de evento”, afirmou.

A solução pode estar na zona norte paulistana, região carente de grandes centros esportivos. “Na reformulação do Anhembi, existe a possibilidade de usarmos um espaço para uma arena de 20 mil lugares que seria talhada para esse tipo de realização. Para trazermos eventos, precisamos de locais que comportem de 15 a 20 mil pessoas e, daí sim, vai haver interesse. Estamos com essa defasagem. Não é por falta de público: o que faltam são lugares adequados”, afirmou.

O mais perto do que o prefeito deseja é justamente o Allianz Parque, que vai oferecer uma opção para 12 mil pessoas verem shows e eventos esportivos em um ambiente coberto, atrás do gol “da avenida Francisco Matarazzo”.

Pacaembu

Estádio do Pacaembu (Cesar Cardoso)

Estádio do Pacaembu (Cesar Cardoso)

O Pacaembu deixou em 2014 de ser a casa de Corinthians e Palmeiras (este mandava jogos lá temporariamente desde 2010). Segundo Fernardo Haddad, a prefeitura vai pedir opinião da sociedade para saber quais serão os novos usos do estádio.

“Devemos lançar um edital de consulta pública para saber quais as ideias da cidade sobre um melhor destino para o Pacaembu, que pode ter de um uso de bairro a um projeto mais ousado, com outros times o utilizado. Equipes interessadas já nos procuraram, mas queremos fazer tudo de uma forma transparente”, disse.

Haddad afirmou haver necessidade de serem respeitados os moradores do bairro, que nasceu de um projeto da Cia. City aprovado em 1925. O estádio municipal foi inaugurado em 1940 em um terreno repassado ao poder público. “O adquirente de um imóvel da City no Pacaembu comprou um sonho de vida. O respeito a isso tem de ser considerado. Porém, essas pessoas podem se deparar com uma proposta que lhes interesse de melhor uso do equipamento para não deixar que se degrade e desvalorize o bairro.” O petista mencionou ainda Santos e Portuguesa como times que podem jogar no estádio.

A Confederação Brasileira de Rugby é uma das que já falaram a respeito do Pacaembu. Clique aqui e leia a reportagem do Esportividade sobre isso.

Allianz Parque

Allianz Parque (Andrei Spinassé/Esportividade)

Allianz Parque (Andrei Spinassé/Esportividade)

Segundo Haddad, hoje o projeto do novo estádio palmeirense não seria aprovado: “Para você ter uma ideia, aquilo ali passou como uma reforma. Imagine você se, por qualquer parâmetro, aquilo poderia ser considerado assim. Só foi mantida uma pequena parte da arquibancada para poder ser caracterizada uma reforma. Foi uma brecha da legislação que foi usada para isso. Com a atual, isso não vai ser mais admitido. Quisemos aprovar um Plano Diretor que valha até 1930 para que isso não volte a acontecer”.

“Existem duas medidas em minha administração que são estruturais e estruturantes: o Plano Diretor e a renegociação da dívida com a união, já aprovada pelos senadores. Apressamo-nos em aprovar um Plano Diretor porque São Paulo nunca teve diretrizes de longo prazo; estamos em um modelo de administração de município dos anos 1950. Apesar de toda a literatura disponível sobre o que é bem-estar em uma cidade assim, não atualizamos a maneira de pensar o desenvolvimento urbano. Procuramos resgatar esse tempo que foi perdido para repensar o desenvolvimento da capital.”

Arena Corinthians

Arena Corinthians (Eliezer dos Santos)

Arena Corinthians (Eliezer dos Santos)

“Damos sentido para aquela arena”, resumiu Haddad quando explicou que, sozinho, o estádio corintiano não seria capaz de ser um grande benefício a Itaquera e que, com a ajuda de lei de incentivos fiscais, empresas agora terão vantagem em se instalarem na zona leste. “O [novo] Plano Diretor estimula o empreendedorismo lá.” Segundo o prefeito, com as correções feitas, a região ganha um novo sentido. A ideia dele é que outras entidades, como Sesi, Etec, Fatec, estejam cada vez mais presentes na zona leste. “Nesse contexto, a arena é uma âncora muito importante. Defendo-a, mas repensaria a questão da engenharia financeira” A prefeitura, durante a gestão de Gilberto Kassab, previu R$ 420 milhões em Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), que poderão ser usados para pagamento de impostos e taxas municipais.

Interlagos

Ilustração de como devem ficar os novos boxes de Interlagos (SPObras)

Ilustração de como devem ficar os novos boxes de Interlagos (SPObras)

A última etapa das obras no autódromo de Interlagos começa em 2015. “A reivindicação era justa, e a promessa havia sido feita cinco anos atrás”, disse o prefeito sobre ampliação e modernização de boxes e paddock. A reforma acontece graças ao dinheiro repassado pelo Ministério do Turismo, R$ 160,8 milhões, para tal fim. Inaugurado em 1940, desde 1990 não passava por uma reestruturação tão grande. Clique aqui e saiba o que ainda será feito.

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