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Corrida de rua 27/01/2017

Night Run Twist-16 captou R$ 171 por atleta de dinheiro que iria para imposto

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Momentos antes da largada do Circuito ParaTodos no Parque Ecológico do Tietê (Esportividade)

Momentos antes da largada do Circuito ParaTodos no Parque Ecológico do Tietê (Esportividade)

O Ministério do Esporte tornou público o histórico de projetos e captações da Lei de Incentivo ao Esporte. Na planilha de setembro de 2016, feita, segundo o Excel, por Maria Cristina Sakay – atualmente a substituta eventual do cargo de coordenador-geral de Desenvolvimento da Política de Financiamento ao Esporte –, cinco projetos da Cooper, Sociedade Cooperativa de Trabalho dos Atletas e Profissionais da Área do Esporte, a qual realiza corridas, estão entre os 40 que mais captaram recursos desde 2007. Os cinco somados equivalem a R$ 25.272.826,36, ou seja, cerca de 9,6% do top 40 da história.

Henrique del Bem, presidente da Cooper, diz: “Esse valor corresponde a projetos executados durante 4 anos (de 2013 a 2016), e cada um com diversas etapas. Em relação ao top 40 não sei dizer ao certo, não tenho essa informação do Ministério”.

Com apenas seis etapas em 2016, a Night Run Twist é o 21º projeto que mais captou recursos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte: R$ 5.141.605,39, o que representa uma média de 856.934 reais por etapa. De cada atleta ainda eram cobradas taxas de inscrição de R$ 20 e, caso ela fosse feita pela internet, pelo site Ativo, de serviço de R$ 7,50.

Cerca de 4 mil atletas chegaram ao fim da etapa de São Paulo em 7 de maio, no Memorial da América Latina, em percurso único de 7 km, mas o projeto foi inscrito no ME com a possibilidade de 5 mil pessoas participarem da prova.

Se forem acrescentados R$ 100 mil (R$ 20 de inscrição multiplicados por 5 mil) ao valor médio captado por etapa e esse total for dividido por 5 mil, essa conta resultará em R$ 191,38 por corredor – isto é, R$ 198,88 com taxa de serviço.

Henrique del Bem, presidente da Cooper, diz: “Esse valor aproximado por atleta que [você] menciona é uma média do total arrecadado no evento, em que todos os custos foram aprovados pelo Ministério do Esporte”.

Um evento comercializado pela Norte Marketing Esportivo, parceira da Cooper, serve para ser feita uma comparação financeira. Para participar da Star Wars Run, realizada em 2016 no mesmo lugar e também com 7 km, o corredor gastava R$ 170,40, já com taxa, no último lote.

Henrique del Bem, presidente da Cooper, afirma: “A comparação de projetos incentivados com outros eventos particulares não faz muito sentido, já que têm escopos de trabalho muito diferentes. Além disso, você não deve estar considerando na sua comparação a eventual verba de patrocínio desse evento [não incentivado]”.

A Night Run Twist foi o segundo entre 215 projetos com número de processo de 2015 que mais captou recursos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. O terceiro colocado, o Circuito ParaTodos, também é da Cooper, tendo captado R$ 4.732.551,04. O quinto, que é a primeira parte do Circuito da Longevidade, com R$ 3.398.604, é da RBR Esportes e Cultura, outra parceira da Norte Marketing Esportivo (“O2″/”Ativo”).

Segundo a planilha do Ministério do Esporte, a Cooper já captou mais de R$ 45 milhões (R$ 45.190.176,10) em recursos para seus eventos. Esse dinheiro vem de patrocinadores, que deixam de pagar como Imposto de Renda o valor investido e o colocam no projeto. Trata-se, portanto, de um dinheiro que se tornaria público, mas é reinvestido.

Os R$ 45 milhões representam 2,6% do total, até a liberação da planilha, de investimentos em projetos incentivados (2.553). O individualmente com mais captação, um do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para preparar atletas para os Jogos de Pequim-2008, arrecadou R$ 25.984.626,95.

Todo projeto que é aprovado pelo Ministério do Esporte precisa prestar detalhadamente contas à União, mas a análise das prestações está atrasada.

Link do relatório:
www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/dados/Lists/Pedido/Attachments/505177/RESPOSTA_PEDIDO_ANEXO%20DO%20PROTOCOLO%20N%2058750000243201611.xlsx

Comentários


  • Lucas disse:

    Gosto muito do trabalho de vocês em relação a divulgar essa questão dos incentivos fiscais. Muito importante saber se estamos sendo passados para trás!
    Pediria para vocês nos ajudarem a saber como podemos identificar no site dos órgãos oficiais se os organizadores, principalmente O2 e Iguana, estão usando deste expediente.
    Desde já muito obrigado por excelente trabalho primoroso

  • Suzana Campos Souza disse:

    Parabéns pela matéria equipe esportividade.
    O trabalho de vocês é muito importante para transparência e melhoria das Leis de Incentivo ao Esporte. Muito obrigada!

  • Marcio disse:

    Esportividade, muito obrigado por nos alertar sobre este assunto. A partir de agora vou ficar mais atento. Sem querer abusar, mas somente agora vi que na camiseta na corrida “Trofeu de São Paulo” nas costas havia o logo do governo federal “ordem e progresso”, isso indica que esta prova contou com incentivo? Se sim, acho que pagamos muito caro por essa corrida, no caso, mais de R$ 80,00!!!!
    Como o sistema de consulta está indisponível, como podemos saber mais e poder cobrar nossos direitos. Haja vista o excelente trabalho que vocês fizeram no caso da “Music Run”.
    Chega de sermos passados para trás!
    Muito obrigado!

    • Esportividade disse:

      Olá, Marcio! Na verdade, o Troféu Cidade de São Paulo foi patrocinado pela Caixa e, por isso, levava o logotipo do governo federal. Não tem a ver com Lei de Incentivo ao Esporte. Obrigado!

  • Eduardo disse:

    Boa noite… Teremos night run Twist 2017 ???

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