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Privatização do Anhembi já tem custo: perda de estádio e conjunto aquático

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Estádio Ícaro de Castro Mello com ginásio do Ibirapuera ao fundo (SELJ)

Estádio Ícaro de Castro Mello com ginásio do Ibirapuera ao fundo (SELJ)

O Governo do Estado de São Paulo apresentou nesta semana o plano de demolição do estádio Ícaro de Castro Mello, do Palácio do Judô e do conjunto aquático, integrantes do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, na região do parque do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, para a construção do que chama de uma “arena multiúso coberta”, com as mesmas características da que seria erguida ao lado da concentração do sambódromo do Anhembi. Se sair do papel, o novo ginásio, para 20 mil espectadores, será vizinho do ginásio do Ibirapuera, fazendo parte de um mesmo complexo esportivo. O governo estadual publicou um chamamento público a fim de que a iniciativa privada faça estudos de viabilidade para que possa ser lançada uma licitação.

A solução apresentada, a de construção de um ginásio para 20 mil pessoas no Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, é uma consequência dos planos de João Doria para o Anhembi Parque, que deverá ser privatizado. A administração anterior, chefiada por Fernando Haddad, estava bem perto de revelar o vencedor de uma licitação destinada à construção e à administração de uma “arena multiúso coberta” para 20 mil pessoas onde funcionam setores administrativos da SPTuris, ao lado da concentração do sambódromo. Porém, por causa do projeto de privatização daquele espaço, tudo foi abortado.

A expectativa da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude é a de que a parceria com a iniciativa privada traga investimentos de R$ 230 milhões para os 105 mil metros quadrados do complexo esportivo. A SELJ, administradora do conjunto, considera a futura concessão “onerosa por prazo determinado”, pois São Paulo receberá contrapartidas financeiras durante os anos de contrato com a empresa vencedora (até 30 anos).

Complexo esportivo depois de obras poderá ficar assim (Governo do Estado de São Paulo)

Complexo esportivo depois de obras poderá ficar assim (Governo do Estado de São Paulo)

Chama atenção o destino pensado pela SELJ para cada uma das instalações existentes. O “sessentão” ginásio Geraldo José de Almeida, mais conhecido como do Ibirapuera, por enquanto o principal da cidade, passará a contar com sistema de ar-condicionado e telões e vai ser feita uma renovação geral de sanitários, vestiários e parte elétrica, por exemplo. O mesmo vale para o ginásio Mauro Pinheiro.

Nos planos da secretaria, o Ícaro de Castro Mello, que antigamente era um velódromo (inaugurado 6 de novembro de 1954) e, posteriormente, passou a ser praticamente somente um estádio de atletismo, vai ser demolido. A Arena Caixa, em São Bernardo do Campo, tornou-se o principal estádio de atletismo paulista, e o Ícaro perdeu diversas competições desde 2014, mas ainda é um importante centro de treinamento.

Recentemente reformada, a piscina olímpica do Conjunto Aquático Caio Pompeu de Toledo, na concepção do governo estadual, será demolida, e haverá a transformação da de saltos em reservatório de águas pluviais de reúso. Ali, sobre a então piscina, será implantada uma quadra poliesportiva descoberta, aproveitando as arquibancadas existentes para o público, que contará com sanitários renovados.

O Palácio do Judô também será descontinuado. As quadras de tênis descobertas igualmente serão “suprimidas”, termo usado pela Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude. Administração e alojamentos serão demolidos, e essas atividades serão exercidas em salas da “nova arena”. O sistema de estacionamento será reorganizado, inclusive prevendo uso do subsolo da “nova arena”.

Ainda não é o projeto final

“Esta é a etapa em que o poder público ouve o mercado para melhor definir a modelagem final da concessão. As sugestões serão então analisadas por um grupo de trabalho e elas vão passar por audiências públicas antes de serem consolidadas no edital de licitação para escolha do futuro concessionário, que deverá ser publicado no primeiro semestre de 2018”, diz a SELJ.

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