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Rugby 29/01/2014

Rugby inspira-se em handebol e vôlei para ir bem na Olimpíada de 2016

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Seleção brasileira feminina de rugby sevens (Divulgação)

Jogo da seleção brasileira feminina de rugby sevens (Divulgação)

O rugby brasileiro avalia modelos dos sucessos recentes de vôlei e handebol para em 2016, quando a variação da modalidade conhecida como sevens fará parte dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, estar em um nível melhor do que o atual – a seleção masculina de 15 foi derrotada por 68 a 0 por Portugal em 2013. O presidente da Confederação Brasileira de Rugby, Sami Arap, revelou apoio da Unilever, tradicional patrocinadora do vôlei nacional, para a criação de academias de alto rendimento para o desenvolvimento de jovens atletas. A CBRu tem outro exemplo, o do handebol, cuja seleção brasileira foi campeã mundial em 2013, para se espelhar, mas ainda não optou por uma das duas estratégias possíveis.

A ideia das academias de alto rendimento já existia desde 2010, quando a CBRu foi constituída, mas não havia então patrocinadores e recursos para a implementação do projeto. Durante a Olimpíada de 2012, em Londres, o presidente da confederação teve conversas com figuras importantes do meio, como Will Carling, ex-capitão da Inglaterra, sobre as academias. Mas foi por intermédio de Doug Munro, ex-jogador e membro do conselho administrativo da CBRu, que se pôde negociar com a Unilever. A empresa já tem experiência em projetos de desenvolvimento: o Centro Rexona de Excelência do Vôlei (hoje em dia Núcleos de Iniciação) é uma parceria, iniciada em 1997, da qual faz parte com o treinador Bernardinho e o Governo do Estado do Paraná.

Final do Super 10 em Barueri (João Pires/FOTOJUMP)

Final do Super 10 em Barueri (João Pires/FOTOJUMP)

A iniciativa do rugby prevê o lançamento de um primeiro projeto com duas academias – São Paulo e Vale do Paraíba, em São José dos Campos –, com aproximadamente 70 atletas (masculino e feminino) da categoria M17. Em 2015, esse grupo paulista M17 estará no projeto M18, e haverá a criação de uma nova M17 paulista e a abertura de uma nova academia em cidade a ser definida com uma primeira turma M17. Em 2016, estarão em treinamento a primeira turma paulista M19, uma segunda turma M18 e uma nova turma M17. Nos outros Estados, será seguido o mesmo modelo. “Em suma, a Unilever investirá nos atletas do futuro”, disse Sami. “Em sua plenitude, em 2016, o projeto poderá preparar de 300 a 400 atletas jovens para nível de elite.”

O projeto prevê acompanhamento de atletas das categorias M15 e M16, mas não são recomendados projetos de alto rendimento para quem está nessas categorias. “Acompanharemos os talentos M15 e M16, e eventualmente eles até serão chamados a participar de treinamentos na M17, mas nunca jogarão fora de suas categorias etárias”, declarou o presidente.

Outra ideia para a preparação de atletas, mas em curto prazo, pensando em 2016, é propiciar aos jogadores brasileiros de rugby um maior intercâmbio. Pode ser seguido o exemplo do handebol, em que meninas foram jogar na Áustria por meio de um convênio da Confederação Brasileira de Handebol com o clube Hypo Nö e tornaram-se a base da seleção feminina campeã mundial em 2013. “Sou partidário de seguir o modelo do handebol. Deu certo porque as atletas foram para fora em um programa de alto rendimento e com técnico estrangeiro. Se elas estivessem aqui, não teria acontecido nada”, disse Sami.

Para tanto, são duas opções atualmente em avaliação: fazer como se fez no handebol e enviar jogadores para o exterior, principalmente para a Oceania, ou cada vez mais os brasileiros fazerem partidas contra equipes estrangeiras. A CBRu tem parcerias com o Crusaders, da Nova Zelândia, e com a federação de ruby da região neozelandesa de Canterbury (Canterbury Rugby Football Union) desde 2012 para o desenvolvimento do rugby brasileiro.

Rugby internacional em Barueri

Try brasileiro (Divulgação)

Try brasileiro (Divulgação)

A Arena Barueri recebe em 21 e 22 de fevereiro de 2014 etapa brasileira do Circuito Mundial feminino de rugby sevens. Serão apenas dois dias de competição, mas as características do rugby sevens permitem essa curta duração: são sete jogadoras em campo de cada equipe e sete minutos de cada um dos dois tempos de jogo.

“Conquistamos com muito esforço e mérito das meninas a etapa brasileira do Circuito Mundial feminino”, declarou o presidente da CBRu. “O mérito é delas, que fazem um trabalho fantástico dentro e fora de campo. Será o maior torneio já realizado no Brasil quanto à importância, exposição de jogadores. Esse será o evento mais importante de rugby já realizado no Brasil. Teremos aqui atletas que jogarão em 2016; será uma prévia da Olimpíada.”

Após a etapa inicial desta temporada, a de Dubai, a seleção brasileira feminina de rugby sevens ocupa a oitava posição do Circuito Mundial entre 12 equipes – Austrália, Nova Zelândia e Rússia são as três primeiras. A segunda etapa, a norte-americana, acontecerá uma semana antes da brasileira, em Atlanta.

Mas Sami adverte: “Estamos três ou quatro anos atrasados no que diz respeito à implementação de alto rendimento. Não temos tempo a perder”.

Quem são elas

Seleção brasileira feminina de rugby sevens contra Nova Zelândia (Divulgação)

Seleção brasileira feminina de rugby sevens contra Nova Zelândia (Divulgação)

Existe um “grupo de elite” de jogadoras de rugby sevens. Elas moram em São Paulo para treinarem juntas e eventualmente compõem a seleção adulta. “Elas estão centralizadas aqui, e têm treinos físicos e técnicos em período integral”, contou Sami. “As que não podem morar aqui têm planilhas de treinamento, alimentação, psicologia, acompanhamos. Algumas são profissionais liberais em suas cidades, mas elas vêm aos fins de semana, e a federação custeia isso, principalmente com recursos governamentais e do Comitê Olímpico Brasileiro.”

Elas possuem duas fontes de renda. Fazem parte do programa Bolsa-Atleta, do Ministério do Esporte, recebendo de acordo com o nível em que estão. “Ao criarmos o projeto de alto rendimento, negociamos com o COB uma segunda ‘bolsa’ com recursos da Lei Agnelo/Piva. A Júlia Sardá [capitã] morava em Florianópolis e era professora. Abdicou da sua profissão para vir morar em São Paulo. Temos o Bolsa-Atleta, o auxílio do COB e toda infraestrutura que a CBRu disponibiliza para essas atletas treinarem e morarem em São Paulo.” As jogadoras também fazem sua preparação no centro de treinamento da CBRu em São José dos Campos.

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