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Automobilismo 10/11/2014

Torcedor lamenta conseguir falar ao celular enquanto Fórmula 1 corre

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Visão da arquibancada G de Interlagos (Marcos GGOO)

Visão da arquibancada G de Interlagos (Marcos GGOO)

Torcedores que foram ao autódromo de Interlagos para assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1 de 2014 ficaram decepcionados com a drástica redução do barulho dos carros. Agora é possível até conversar com outra pessoa ao seu lado ou por telefone durante a corrida, o que era muito difícil até 2013. A crítica da torcida é geral e mundial, e já foram feitos testes para que se melhore o som, amplificando-o, mas não foram bem-sucedidos.

Pela primeira vez em São Paulo sem “ronco dos motores”, expressão que não pode ser aplicada neste ano por causa da redução sonora, a Fórmula 1 desta vez não foi uma experiência completa para os que acompanham a categoria e gostam de como ela era antes. “Pelo barulho, isso não é Fórmula 1”, opinou Marcos Eliezer Pereira Pinto, que vê a prova de perto desde 2007. “Você chegava lá antigamente e era aquela coisa ensurdecedora. Havia gente que utilizava protetor auricular. Ficávamos na Reta Oposta e, enquanto os carros estavam no miolo, era impossível você falar ao telefone, porque mesmo assim o barulho ia para o G. Era muito alto. Quem é fã de Fórmula 1 e está disposto a fazer um sacrifício para ir ao GP quer mais é ‘estourar o tímpano’, ouvir o Fórmula 1 berrar.”

O securitário contou uma história curiosa sobre um novo capítulo de um antigo hábito: “Infelizmente, atualmente conseguimos falar ao celular enquanto passa um carro, algo que era impossível até o ano passado. Todo ano, na largada, deixo meu irmão escutar o barulho pelo telefone. Eu falava para ele: ‘Ouça o quanto você quiser, pois não vou conseguir ouvi-lo’. Segurava o celular até a segunda volta e, só depois disso, eu via que ele já havia desligado. E ontem conversei com ele numa boa, e os carros passavam diante de mim”. Quem está no fim da Reta Oposta, na arquibancada G, agora não ouve o giro dos motores subir antes de ser autorizada a largada.

Torcida GGOO na arquibancada G de Interlagos (GGOO)

Torcida GGOO na arquibancada G de Interlagos (GGOO)

Colega de torcida GGOO de Marcos, Igor Wilson, que também se sentiu frustrado com o que não ouviu, disse ser possível agora escutar o passar dos carros sobre as zebras de Interlagos – como acontece em provas de kart. Na sexta-feira, quando os pilotos fazem na saída do pit lane simulações de largada, o cantar dos pneus foi muito mais audível que até 2013.

Na avaliação de Igor, a vibração da torcida por Felipe Massa, terceiro colocado, se deveu muito mais a uma carência do torcedor brasileiro por ídolos e melhores resultados que ao carisma do piloto da Williams. Rubens Barrichello, para ele, é mais carismático, mas já não corre mais na Fórmula 1 – disputa em 2014 o título da Stock Car.

Duas cenas lhe foram marcantes: o estouro do motor de Fernando Alonso na Reta Oposta e um treino livre de sexta-feira, incidente que fez espectadores se concentrarem diante de onde o espanhol estava parado, e a saída de pista de Lewis Hamilton na corrida – embora fosse na hora difícil saber se era o inglês ou Nico Rosberg (que se tornaria o vencedor) que havia escapado.

O fato de terem participado da prova em Interlagos apenas 18 pilotos (nove equipes) também chateou Marcos: “Estamos acostumados com mais carros na pista; há mais ultrapassagens, emoção. Existe sempre um retardatário que segura o cara que está mais rápido e ajuda o outro a chegar. É lamentável a Fórmula 1 chegar a esse estágio. Vamos torcer por providências para que a categoria melhore”. Em crise financeira, Marussia e Caterham não foram a São Paulo.

O que mudou

Nico Rosberg, vencedor do GP do Brasil de 2014 (Mercedes AMG Petronas)

Nico Rosberg, vencedor do GP do Brasil de 2014 (Mercedes AMG Petronas)

Para este ano de 2014, houve grandes mudanças do regulamento técnico: os motores, por exemplo, passaram a ser V6 turbo de 1,6 litro, que atingem no máximo 15 mil rpm. Há um sistema de reaproveitamento da energia que seria desperdiçada que se integra ao modo convencional de propulsão. A potência dos antigos V8 era superior a 750 hp, e os motores de agora produzem cerca de 600 hp. Potência adicional vem dos ERS.

O Kers (Sistema de Recuperação de Energia Cinética) usado até o ano passado deu lugar aos ERS (Sistemas de Recuperação de Energia). Uma unidade converte a energia cinética gerada nas frenagens em eletricidade, armazenada em baterias. A outra é conectada ao turbo e converte a energia térmica dos gases expelidos em energia elétrica. Diferentemente do Kers que era anteriormente utilizado, o qual dava aos pilotos 80 hp a mais por cerca de seis segundos por volta, os ERS dão ao competidor aproximadamente 160 hp por cerca de 33 segundos por volta.

Compare 2013 (primeiro vídeo) com 2014 (segundo vídeo):

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