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Diário de Ferro 02/10/2013

Travessia o quê?

Por Gab Barreiros

maratonaaquatica

As coisas na minha vida sempre acontecem de forma muito… Espontânea? Avassaladora? Não sei bem definir o termo, mas a verdade é que, sempre que eu resolvo começar alguma coisa, uma mudança drástica acontece, alterando minha vida toda em função dessa nova etapa. E foi assim com a natação.

Comecei a nadar em fevereiro de 2012 para largar a vida sedentária, perder peso (isso merece um capítulo à parte) e mudar alguns hábitos errados que ganhei mudando para São Paulo. Em 2010 e 2011 estudava cenografia e figurino, trabalhava, fazia freelas, estudava inglês, porque surgiu uma oportunidade de apresentar um trabalho em Praga e meu inglês estava terrível, ou seja, ocupei as 24 horas do meu dia, não deixando tempo para dormir nem para comer direito… Corpo, mente e, consequentemente, saúde estavam em uma situação lamentável, e eu precisava fazer alguma coisa… Decidi nadar.

Saí de casa em um domingo à tarde, comprei óculos de natação, um relógio básico à prova d’água com cronômetro, uma touca de silicone – na esperança de não estragar meu cabelo com o cloro (tsc) – e, por fim, lembrei que eu tinha um maiô verde, lindo, que eu nunca tinha usado, mas que devia estar na casa da minha mãe. Ou em alguma gaveta em casa. Ou então, em alguma fase mais sedentária ainda, eu achei que nunca mais usaria essa porcaria e joguei fora… Bingo!

Terça-feira (na segunda-feira o Sesc fecha), tudo pronto para eu começar a semana me exercitando e cadê o maiô? Ok, se eu não começar hoje eu não começo mais, me conheço.

Achei um outro maiô… Velho… Vermelho, que nem meu era, devia ser de alguma roommate que largou em casa. “É assim mesmo que eu vou!”, me senti a Pamela Anderson em Baywatch, só que 50 kg mais gorda. Nem ligo… Fui.

Maiô velho, sem elástico… Ai. O primeiro dia foi terrível.

Se você fica muito tempo sem fazer alguma coisa, quando você recomeça, parece que as pessoas todas em volta estão apontando para a sua cara e rindo (do maiô, é claro, não de mim…. uhum). O psicológico tenta convencê-lo de nunca mais pisar ali, mas eu superei. Consegui sair de lá feliz, tinha começado a semana como havia planejado, me exercitando,  faltava só comprar um maiô decente e menos chamativo.

Maiô comprado, a semana fluiu bem.

Aí passou um mês, passaram dois meses… E, no fim de março, uma alma muito boa que via eu me matando na água, sem conseguir sair do lugar, começou a me passar alguns corretivos para que eu conseguisse desenvolver mais o nado, me cansando menos. (Essa alma boa virou meu treinador, mas isso é outro capítulo à parte.) Eu havia herdado todas as manias de braçada do surfe e parecia o Tarzan nadando. Triste. Ele teria uma missão impossível pela frente.

Durante fevereiro e março eu ia ao Sesc de manhã, muitas vezes (todas as vezes) contrariando minha vontade de ficar em casa dormindo, mas, depois que eu comecei a evoluir, comecei a sentir mais vontade de nadar… Comecei a conhecer mais pessoas no Sesc também, o que me motivava mais a sair de casa; ter um grupo para praticar esporte sempre ajuda!

Certo dia, no fim de maio, uma amiga que conheci no Sesc veio me falar sobre travessias aquáticas, e achei aquilo muito louco, nunca tinha ouvido falar disso. Ela tinha visto em uma revista lá no Sesc… Uma travessia que acontece no Rio de Janeiro, fantástico! ”Combinamos” de ir em 2013 (estávamos no começo de 2012 e eu tinha um ano para me preparar). Conversei com a tal alma boa que me corrigia e ele achou legal o meu interesse (ponto).

Passou menos de uma semana, apareceu um professor de natação no Sesc, de uma academia na zona sul; ele me viu nadando e perguntou se eu não queria entrar para a equipe dele de travessias… A próxima prova aconteceria no Guarujá, dia 1º de junho. (E eu achando que só existiam travessias no Rio, quer dizer, não sabia nem o que era uma travessia uma semana antes…)

Faltava uma semana para a tal travessia. Alegria, medo, ansiedade, vontade, receio… Tudo. Tudo se misturou na minha cabeça.

Resolvi que iria para assistir, mas, na próxima, dali um mês, eu iria para nadar. Faria 500 m, só pra iniciar. Dez chegadas numa piscina semiolímpica (25 m), ok, acho que consigo!

Como fazer o Tarzan se preparar para uma travessia era um desafio muito grande para o meu treinador, e que, para mim, era um mix de sentimentos! E foi assim que tomei a grande decisão da minha vida de virar maratonista aquática, uma semana depois de descobrir que isso existia.

Sobre Gab Barreiros

Designer, cenógrafa e principalmente amante de esportes aquáticos.

Sobre o blog Diário de Ferro

O Diário de Ferro (diariodeferro.com) é um espaço inteligente e criativo para todos os amantes do esporte. Com diversos colunistas em várias áreas, são desenvolvidos debates, discussões e troca de experiências dentro do mundo esportivo. Além disso, acompanhe nossos diários e fique por dentro da forma como pessoas diferentes se relacionam com o esporte, sejam atletas ou entusiastas. Semanalmente o Esportividade publica textos do Diário de Ferro como este que você acabou de ler.

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