São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 05/09/2019

Chips são cortados de corridas grátis ou baratas após entendimento de Brasília

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade

Chegada do Circuito Eco Ambiental no Ceret (Esportividade)

As corridas de rua não serão banidas da Lei de Incentivo ao Esporte, mas terão de se adaptar ao pensamento dos membros atuais da comissão técnica. A reunião de quarta-feira, 4 de setembro de 2019, deixou claro o posicionamento do sexteto: embora tenham reforçado a importância das provas pedestres, disseram que precisam ser vistas como esporte de participação – não como de rendimento.

Quem encabeçou essa linha de raciocínio foi o educador físico e filósofo Humberto Aparecido Panzetti, indicado ao cargo pelo Conselho Nacional do Esporte.

“Se você quer correr com chip, vai a uma corrida paga que tenha chip. Se for com recursos públicos, não cabe”, disse. “Quanto à importância, não há o que se discutir: a corrida de rua é um dos maiores fenômenos do esporte do fim do século XX e do começo do XXI [no Brasil]. É democrática: todos compartilham o mesmo espaço.”

Após pedidos de vista em agosto, sugeriu alterações, mas propôs aprovação dos projetos Circuito Eco, do Instituto Eco Ambiental e Social, e Corrida do Bem I Ano III, do Instituto Educare. “Estabeleci glosas [baseado] naquelas convicções que tenho do que não faz parte”, afirmou. Chips de cronometragem foram excluídos.

O relator Daniel Borges Hayne, que em agosto havia rejeitado os projetos por tê-los considerado onerosos demais, concordou com Panzetti e acrescentou: “Entendo que deveríamos desenvolver alguma metodologia ou resolução que possa nos orientar em futuras votações – inclusive quanto a valores por participante”.

Após as readequações dos projetos, ambos os circuitos poderão ter suas etapas remarcadas. Devido ao pedido de vista, a de Mogi das Cruzes do Circuito Eco, que estava prevista para 18 de agosto de 2019, teve de ser adiada. As inscrições gratuitas não chegaram a ser abertas.

No início de seu discurso, Panzetti resumiu o papel da Lei de Incentivo ao Esporte: “Tem como objetivo principal fazer com que recursos advindos do setor privado, de Imposto de Renda, mediados pela Secretaria Especial do Esporte, cheguem às várias políticas públicas”.

“O que norteia a decisão da comissão é saber se a entidade proponente tem capacidades técnica e financeira (para gestão de recursos) e se o projeto está adequado à manifestação que está na determinada na lei.”

Entende-se que agora entidades que desejarem organizar corridas competitivas com dinheiro público federal precisarão ter “certificação 18A”, ou seja, cumprir as exigências da Lei Pelé.

O que diz o decreto federal nº 6.180, de 3 de agosto de 2007

Segundo esse decreto, esporte de participação é caracterizado pela “prática voluntária” e “contribui para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente”.

Já o esporte de rendimento, de acordo com o texto, é “praticado segundo regras nacionais e internacionais com a finalidade de obter resultados, integrar pessoas e comunidades do país e estas com as de outras nações”.

Comentários


  • William disse:

    Bom dia esportividade!

    Na minha humilde opinião, esporte de participação se chama treino. E mesmo nos treinos, gosto e vejo como obrigação apurar meus resultados afim de avaliar meu rendimento e evolução no esporte.

    Eliminar ou extinguir qualquer forma de apuração de resultados (chips de cronometragem) se chama retroceder esportivamente falando.

  • Rafael disse:

    Se isso realmente acontecer será um enorme retrocesso para as corridas de rua. Esses “seres pensantes” que tiveram essa ideia absurda, provavelmente nunca correram ou presenciaram a realização de uma corrida de rua. Corrida de rua sem chip ou cronometragem não é corrida, é caminhada.

    Corridas de rua gratuitas ou baratas não são pagas com direito público, e sim por patrocinadores, que através de incentivo fiscal, deixam de recolher uma parte do imposto de renda devido. Outra coisa: o custo do chip e sistema de cronometragem é mínimo perto de outras despesas que uma organizadora tem para realizar um evento de corrida de rua.

  • alexandre marco disse:

    Bom dia amigos e equipe do esportividade. Entendo que as medidas sugeridas tenham ligação direta com a crise enrustida que vivemos atualmente e que teoricamente servem para poder manter as atividades com uma redução dos custos. Mas na prática isso pode levar a um colapso nesse tipo de modalidade já que no futuro poderão haver mais redução de custos ou outros motivos, acarretando na restrição da prática a locais fechados de fácil controle (tipo indoor) ou mesmo tornando escassos os eventos gratuitos por falta de interesse de ambas as partes já que não terão nada de atraente a oferecer ao participante a não ser a interação social. Infelizmente uma pena ver que estamos andando na contra mão ao invés de ampliar e melhorar. Esse é o meu pensamento. Abraço a todos.

  • Marcílio Dias Barbosa disse:

    Já vi que vai haver um retrocesso.como já corri há mais de 30 anos venho acompanhando as mudanças nas corridas de Ruas em Brasília, Brasil e no mundo afora.
    Com os ships ficou mais organizadas os Eventos Esportivos.pois bem, os cortadores de percurso faram a festa.

  • Marcílio Dias Barbosa disse:

    Já vi que vai haver um retrocesso.como já corro há mais de 30 anos venho acompanhando as mudanças nas corridas de Ruas em Brasília, Brasil e no mundo afora.
    Com os ships ficou mais organizadas os Eventos Esportivos.pois bem, os cortadores de percurso faram a festa.

  • Dec disse:

    Boa tarde, Esportividade e leitores!
    Poxa, lamento essa decisão, e acredito que não seja uma ideia interessante para nós corredores. Para muitos corredores é importante saber como se saem numa disputa e devido o valor alto de muitas corridas, muitos atletas acabam optando pelas gratuitas.
    Com essa decisão acredito que a corrida perderá muitos corredores, pois não haverá interesse daqueles que gostam de disputa, não haverá a presença daqueles que treinam para competir, então aos poucos as corridas gratuitas serão deletadas por falta de participantes. Se queremos sempre correr por correr, corremos num parque então, com os amigos, ou nesses treinões, mas sem competir não dá.
    Eu como atleta amador que gosto e treino para disputar, enxergo uma corrida sem cronometragem como um jogo de futebol sem ter gol, só um passando a bola para o outro.
    Respeito quem gosta da vibe da corrida e não tem intenção em disputar, e acho até legal quando estou dando a volta e vejo a galera indo e correndo de boa, trocando ideia no percurso, dando gargalhadas e motivando a galera que está disputando, mas essas corridas cronometradas são importantes para quem disputa e quem não disputa, pois muitos gostam de ver seu nome e seu tempo nos resultados. Consciente ou inconscientemente o tempo feito por nós nos anima e nos mostra que podemos chegar longe. Estará lá registrado o resultado do nosso esforço.

  • Jacqueline Sales Silva disse:

    Não espero nada de bom do atual governo, a cronometragem é muito importante pois há corridas que pedem o seu histórico de tempo para vc poder se inscrever, como corridas de longa duração, ou de revezamento. Mais uma vez os mais pobres saem prejudicados.

  • Petre Ivanovici disse:

    aqui mesmo no esportividade são divulgados nessas provas o quanto foi captado, eu observei
    diversas provas com captação acima de 1 milhão, Brasil sempre com a mesma retórica, por conta de alguns que levaram vantagem agora se pune a tudo e a todos.

  • Claro que, saindo de Brasilia, so poderia vir esse tipo de corte para o povo brasileiro. Por que nao reduzem as verbas dos gabinetes, JA QUE USAM O NOSSO DINHEIRO, e nao retorna em beneficios pra populacao?

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