São Paulo - região metropolitana
Corrida de rua 31/01/2017

Discussão sobre preços de inscrições ofusca tentativa de debater ‘pipocas’

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Peças da campanha da Yescom contra os "pipocas"

Peças da campanha da Yescom contra os “pipocas”

A Yescom lançou oficialmente nesta terça-feira, 31 de janeiro de 2017, sua campanha “antipipoca”. O que se percebe em redes sociais (Facebook) é que, por enquanto, a sua mensagem ainda não causou o impacto desejado pela empresa. Na verdade, duas outras discussões ofuscam os “pipoqueiros”: o preço das inscrições e a falta de água na São Silvestre, evento organizado pela mesma Yescom. Enquanto os valores não forem seriamente debatidos, qualquer tentativa de debate sobre “pipocas” não terá a atenção devida.

A linha de raciocínio que mais tem adeptos tem a ver com o preço das inscrições. Diz que estão caras demais e lamenta o fato de não serem “acessíveis”. Há quem pense que os “pipocas” são fruto dos altos valores – mas há quem argumente que existem pessoas que correm sem estarem inscritas mesmo em provas gratuitas.

São usadas expressões como “a corrida virou um comércio”. Também afirmam que “organizador ‘x’ mostra ser possível vender inscrições por R$ 20 e fazer um belo trabalho”, mas não se dão conta de que, por trás de corridas com valor inferior a trinta reais, normalmente existe um projeto aprovado pelo Ministério do Esporte para captar recursos por intermédio da Lei de Incentivo ao Esporte, permitindo que os patrocinadores invistam no evento parte do que pagariam como Imposto de Renda.

Empresas como a Yescom, entretanto, evitam tocar nesses assuntos, o que resulta em mudança de foco quando tentam colocar os “pipocas” em pauta. Em um fórum com a imprensa, a Yescom mostrou resumidamente quais são os documentos e quais são as taxas públicas que paga para organizar uma corrida de rua em São Paulo, mas esses tipos de custos não vem a público, e é criada a sensação de que existe sim uma grande margem de lucro. Não se trata de prestar contas publicamente, mas sim de os participantes inscritos em uma corrida entenderem melhor, em linhas gerais, para onde vai seu dinheiro e por que organizar uma prova de rua não é uma tarefa simples e barata.

Vários dos custos de uma corrida independem da vontade de um atleta, mas alguns não são assim, como itens que compõem o kit de participação. Poucos são os eventos que permitem que o corredor não compre uma camiseta, por exemplo, e, por excluí-la do kit, tenha um desconto ao se inscrever na prova. Mas tal personalização dependeria de uma alteração de planejamento, e os patrocinadores teriam de estar cientes de que a camiseta, peça de recordação e publicitária, não seria mais tão importante quanto já foi para os anunciantes.

As empresas organizadoras precisam entender seu público, o bolso do atleta e o que e como os corredores pensam – caso contrário, um diálogo entre as partes ficará cada vez mais difícil.

Comentários


  • jairo disse:

    Ola, é simples o problema. Corridas que baixaram os preços, ganharam inscritos, são silvestre não ! Tantos patrocinios nas camisetas e, preços não baixam ! Eu estava na são silvestre e não paguei, é uma das provas mais caras e não oferece o que custa.Por que a Olga Kos, que usa seu $$$ pra instituição cobrou $26,90(acho que foi isso) ?? Eu vi agua na são silvestre nas caixas, faltou planejamento. Por mais bancas e menos aguas por banca (muitas no chão) Já que tinham tantos inscritos e calor, por que não aumentar as bancas ?? Tudo aqui se cobra, mas não se oferece nada de mais em troca…..NÃO CULPEM OS PIPOCAS, SEMPRE EXISTIU !

    • Esportividade disse:

      Olá, Jairo. A corrida do Olga Kos não pode ser usada como referência, pois pode captar quase R$ 1,9 milhão, valor que seria pago como imposto ao governo federal pelas empresas patrocinadoras. Obrigado!

  • Clébio Gomes disse:

    Quem realmente gosta de correr, corre 15km em um parque perto de casa e não precisa ir inscrito ou não em uma SS por exemplo. O pessoal está muito preocupado em tirar selfies para se mostrar em redes sociais. Mesmo sem dinheiro acabam indo em provas com preços absurdos para se mostrar ou ainda de pipoca que só dá ibope para empresas que cobram um absurdo. Duvido que se não tiver um mínimo de pessoas para pagar um prova como a SS eles (organizadores) não abaixam os preços ou não realizam a prova. Ninguém abre uma empresa, comércio seja lá o que for para ter prejuízo. Enquanto nos preocuparmos mais com status social do que com o que realmente importa (saúde), donos dessas empresas ficaram cada vez mais ricos e o povão vez mais pobre. Está tudo muito errado nesse mundo.

  • Ana Maria da Silva Faustino disse:

    Creio que essa campanha contra os pipocas tem o intuito de tirar o foco da grande piada de mau gosto que foi a falta de água nos postos de hidratação na São Silvestre. O organizador deveria primeiro desculpar-se pelo ocorrido antes de terceirizar a responsabilidade. Só depois disso é aceitável uma campanha serena sobre os pipocas.

  • Luiz Carlos disse:

    Bom dia minha opinião sobre esse assunto é que eu até sou a favor de tirar os pipocas sim,entendo que prejudica em artes porém n tem como se inscrever em corridas durante todos os meses com um valor super caro como vem sendo,a corrida nao precisa ser 20 reais porém pagar 99,99 mas taxa de inscrição qndo não pagar mais por isso é um absurdo,o que todos nós deveríamos fazer é boicotar a grande parte das organizadoras que fazem de corrida de rua um comércio,temos sim que frear essa sacanagem que estão fazendo,primeiro as organizadoras pensem nos seus valores nas corridas pra depois tirar os pipocas .

  • Ligia disse:

    Se o tema é organização e/ou a falta dela a Olga Kos conta e conta muito. Ando percebendo que o site cita o repasse da Lei de Incentivo do Esporte como algo negativo. A Olga Kos pode e deve ser citada por que é um modelo de organização. A questão aqui não ê de onde vem o R$. A Olga Kos poderia deixar faltar água em sua corrida, entregar kit mequetrefe e ainda culpar os pipocas que também existem por lá. Ao falarem que a Olga Kos não conta por que utiliza verbas públicas não são imparciais com relação a discussão que na maioria dos comentários fica claro que é o preço e a falta de organização da Yescon. Com relação aos pipocas o que ninguém entende é que não é o kit ou a água que fazem que eles corram em uma prova, é o clima! O clima que só uma proca proporciona, por isso as pessoas vão. Cabe as organizadores prever estas pessoas e ter meios de fazer com que eles não utilizem a estrutura da corrida. Ou simples, faz um kit básico com medalaha, taxas e número!!! Para que isso vire algo acessível

    • Esportividade disse:

      Oi, Ligia! Não se trata de colocar uma carga negativa na Lei de Incentivo ao Esporte, mas sim de deixar claro às pessoas que existe indiretamente dinheiro público investido em corridas como a do Olga Kos (neste caso, até R$ 1.896.141,20). Muita gente não sabe disso. Inclusive já elegemos uma corrida incentivada (Caminho da Paz-2015) a melhor daquele ano: http://esportividade.com.br/elegemos-a-melhor-corrida-de-2015-e-qual-foi-a-mais-legal-para-voce/. Mas, quanto à proposta e ao processo de obtenção de patrocínio, corridas incentivadas e não incentivadas estão em duas realidades distintas. Existem eventos bem e mal organizados tanto de uma como de outra. Obrigado!

      • Jaqueline disse:

        Entendo o questionamento sobre a possibilidade de provas com valores inferiores, mas no caso da última SS acho possível fazer comparações mais
        Simples.
        O valor da inscrição foi de quase180 reais, com esse valor (ou ainda menos) é possível participar de provas muito mais elaboradas, como as da Iguana e Ativo.

  • Sergio yoki disse:

    Sou do departamento de marketing de uma empresa que fabrica diversos produtos, dente eles a PIPOCA. Fico ofendido ao saber que comparam uma deliciosa Pipoca a bandidos.

  • Daniel Borba disse:

    Bom dia esportividade e amigos corredores.

    Alguém sabe informar se existe alguma corrida com valor abaixo de R$50 sem o dinheiro da Lei de incentivo ao esporte ?

  • Daniel Borda disse:

    Obrigado Esportividade. Vcs são demais.

  • Jaqueline disse:

    Acho que precisamos falar sobre os pipocas, não me parece justo pagar caro por uma corrida enquanto outros usufruem no “modo bicão”…
    Por outro lado, me recuso a participar de qualquer prova da Yescom! A estrutura da SS no último ano foi bizarra, para não dizer um vexame. E não venha transferir a culpa da desorganização aos pipocas!!! 180 reais de inscrição não é um valor baixo.. se comparado à outras empresas, como Iguana, que tem prova de valor aproximado (mas ainda menor) a estrutura é de 10 à 0.. ah eles não contam com incentivo do governo nem com o ENORME número de patrocinadores que conta a SS.

  • Douglas disse:

    Quero ver na prática como será essa “dinâmica” que a Yescom está implantando…Se nem organizar uma distribuição eficiente de água a Yescom consegue…imagine como será: 1) separar a largada por setores, 2) distribuir água só para os inscritos, 3) retirar os corredores sem número de peito antes da chegada, 4) distribuir lanche, medalha e água na chegada só para os inscritos! Espero que a preocupação da Yescom também englobe: 1) um bom kit para os inscritos (pipoca não pega kit antes da prova!); 2) uma camiseta boa e de qualidade (pipoca não pega camiseta!); 3) uma kit pós-prova que justifique o investimento pelos inscritos (afinal, se vão se preocupar tanto em retirar os pipocas, espero que alguém tenha se preocupado com aqueles que se inscreveram e completaram a prova!)

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