São Paulo - região metropolitana
Esporte 02/08/2016

Jogos Olímpicos inspiram alguns, mas o esporte cotidiano muda mais vidas

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Ana Moser, medalhista olímpica e presidente do IEE, com crianças (Célia Santos/ IEE)

Ana Moser, medalhista olímpica e presidente do IEE, com crianças (Célia Santos/IEE)

As mais recentes declarações de Ana Moser, uma das principais jogadoras brasileiras de vôlei da história, foram superadequadas à reflexão do que os Jogos Olímpicos Rio-2016, que terão início nesta semana, trarão de bom ao esporte no Brasil. A ex-atleta afirmou que o esporte olímpico não é o mesmo do esporte da vida do cidadão comum. “Os Jogos Olímpicos são importantes para aquilo que eles servem: expressão de qualidade, inspiração, defesa das cores do país”, declarou. “O esporte que muda a vida das pessoas está no dia a dia delas; o que vai passar na televisão [nos Jogos Olímpicos] é um pedaço disso, não o todo”, disse Ana em entrevista ao jornalista Mílton Jung, da CBN.

Segundo ela, o esporte olímpico representa a elite, ou seja, a expressão máxima da qualidade; assim, tem uma função mais de entretenimento para a população. Já o esporte cotidiano é uma ferramenta educacional, porque ele desenvolve as questões motoras, cognitivas e socioafetivas, dando condições à pessoa de se conhecer, ter desenvolvida sua autoestima e de fazer parte de grupos, dentro dos quais as regras são iguais para todos. Tudo isso a auxilia no enfrentamento de desafios não esportivos.

O esporte já não é mais sinônimo de futebol no Brasil. Muito longe disso. Um corredor que vai ao parque praticar a sua modalidade é tão esportista quanto um jogador famoso. A diferença é, claro, o caráter profissional da prática. Um ganha dinheiro (às vezes muito) por meio disso, e o outro usa parte do salário para fazer esporte. Ambos, apesar disso, são praticantes.

A maior parte da imprensa parece não ter compreendido ainda essa nova realidade. Não faz mais sentido publicar reportagens sobre a Virada Esportiva do município de São Paulo, por exemplo, no caderno de Cidades de um jornal e não no de Esporte. Já se tornou datado um programa radiofônico ou de TV que somente trata de futebol e mesmo assim recebe o nome de “programa esportivo”. É um programa de uma modalidade só (e sobre a competição profissional!). Nem sequer aborda a prática amadora.

O Brasil carece tanto de uma visão mais atual do que é esporte como de estrutura esportiva, principalmente nas escolas. Ana, à frente do Instituto Esporte & Educação, daria uma nota quatro, em uma escala de zero a dez, para a evolução do esporte cotidiano no Brasil nos dez mais recentes anos. “Faltou tempo para cuidar do que é o legado efetivamente. Vamos lucrar no médio e longo prazos naquilo que vem a reboque dos Jogos Olímpicos, mas [para o esporte cotidiano] não houve um planejamento pelo menos em nível parecido com aquele feito para a realização dos próprios Jogos.”

Por isso, o guia Esportividade tenta abranger as mais diferentes formas de esporte. Nenhuma é mais importante que a outra. No fim de contas, saúde, educação e satisfação pessoal contam mais que qualquer coisa.

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