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Futebol 20/11/2014

Novo estádio, velha rotina: no Allianz Parque, torcida mantém seus hábitos

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Festa da torcida palmeirense diante do Allianz Parque (Andrei Spinassé/Esportividade)

Festa da torcida palmeirense diante do Allianz Parque (Andrei Spinassé/Esportividade)

Um estádio novo por si só não é suficiente para alterar a tradição de uma torcida. Na primeira partida do Palmeiras no Allianz Parque – contra o Sport –, foi isso o que ficou claro. Apesar de toda a ansiedade pela estreia em 19 de novembro, a festa nas ruas Turiassu e Caraíbas e a entrada de torcedores em cima da hora não sofreram mudanças. Os xingamentos depois de mais uma apresentação sofrível da equipe alviverde seriam ouvidos no Palestra Itália, no Pacaembu ou na nova casa palmeirense. A diferença é que agora existem condições melhores ao espectador, que reconhece que é mais bem tratado.

A Turiassu tem outras funções além da de ser a rua do principal acesso ao clube. “Muita gente deixou para entrar em cima da hora. Quando eu saí da Turiassu, a rua ainda estava lotada”, disse Paulo Manolio. “Muitos deixaram para entrar às 21h40. O clima é outro lá; a torcida canta, bebe cerveja [o que não se pode fazer no estádio]. A diferença é que aqui já era um hábito nosso ficar na rua Turiassu, que gera algo para nós que não tínhamos no estádio do Pacaembu. Tentávamos fazer um pouco na banca, mas aquilo não era nem um pouco igual.” A sede da torcida Mancha AlviVerde fica na Caraíbas, quase na esquina com a Turiassu.

Allianz Parque durante Palmeiras x Sport (Andrei Spinassé/Esportividade)

Allianz Parque durante Palmeiras x Sport (Andrei Spinassé/Esportividade)

O analista de marketing digital pegou fila para entrar no estádio às 21h10. Notou uma falta de sinalização no portão B, a partir do qual foi à Cadeira Gol Norte, setor de ingresso mais barato e onde ficam as organizadas. “A questão é que eles dividiram em três partes a entrada. Quando você pegava uma das filas [cada fila era para um setor distinto], não sabia qual era; você só ficava sabendo quando chegava perto de entrar”, contou Paulo, segundo o qual “a estrutura do estádio é muito bonita, o wi-fi funciona e os banheiros são limpos”.

O escultor Ricardo Argenton também presenciou bagunça na entrada do B e disse haver necessidade de a equipe do novo estádio se adaptar aos hábitos da torcida. “A torcida está acostumada a chegar em cima da hora, e o pessoal [do Allianz Parque] não está acostumado a isso. Não sei se a torcida tem de chegar com mais antecedência ou a organização precisa se acostumar com a chegada de última hora dos torcedores. A torcida faz isso há cem anos e não vai mudar agora”, afirmou.

O Palmeiras foi derrotado por 2 a 1 pelo Sport (Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

O Palmeiras foi derrotado por 2 a 0 pelo Sport (Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

William Araújo, que chegou mais antecipadamente e por isso não teve dificuldades na entrada, só conseguiu se encontrar com seu irmão no início do segundo tempo. “Ele ficou mais de meia hora na fila e entrou quando o jogo já havia começado”, contou.

Por determinação da Polícia Militar, os portões, cuja abertura havia sido anunciada para as 19h, somente foram liberados às 19h28, o que deixou alguns torcedores impacientes.

O torcedor Paulo Manolio ainda comentou: “No setor em que estamos, o das organizadas, não respeitam muito o lugar, mas todo mundo já esperava isso”.

Visitante

"Buraco": poucos torcedores do Sport viram o jogo (Andrei Spinassé/Esportividade)

“Buraco”: poucos torcedores do Sport viram o jogo (Andrei Spinassé/Esportividade)

Na rua Padre Antônio Tomás, diante do portão D, dezenas de pessoas formavam fila. Queriam comprar ingresso de torcida visitante, que seria comercializado ali mesmo. Mas a grande maioria dos que ali estavam era palmeirense. A Polícia Militar determinou, então, que somente quem possuía RG em que constava Pernambuco como Estado de nascimento poderia pagar os R$ 250 – ou R$ 125 meia-entrada – e assistir ao jogo. Como havia poucos torcedores do Sport, o setor de visitantes ficou praticamente vazio, o que fez o público, 35.939, ficar aquém do esperado.

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