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Corrida de rua 30/03/2016

Sem milagre: saiba por que algumas corridas são mais baratas que outras

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Night Run Twist em São José dos Campos (Vinicius Branca)

Night Run Twist em São José dos Campos (Vinicius Branca/Ativo)

As leis de incentivo ao esporte provocam uma falsa sensação de que existiria como inscrições para corridas de rua serem mais baratas do que realmente são. Hoje em dia, em que a obtenção de patrocinadores não está nada fácil, provas com inscrição por menos de R$ 30 normalmente são aquelas que fazem uso de verba incentivada.

Esse é o caso da Night Run Twist: a Cooper pode captar até R$ 5.286.333,80 para uma temporada de seis etapas e, por isso, consegue fazer com que cada inscrição saia por R$ 20 (R$ 27,50, na verdade, com a taxa de serviço do site Ativo). A mesma lógica vale para corridas do Instituto Olga Kos e da Rede Acesso e o Circuito da Longevidade, por exemplo.

Há leis municipais, estaduais e federais que permitem que eventos aprovados possam atrair patrocinadores mais facilmente, já que o governo abre mão de receber aquele dinheiro e, indiretamente, o transfere a projetos esportivos. A Lei de Incentivo ao Esporte federal permite que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. As empresas podem investir até 1% desse valor; as pessoas físicas, até 6% do imposto devido.

Uma reportagem da revista “Runner’s World Brasil” de agosto de 2015 levantou, com a ajuda da Corpore, os custos do evento que são transferidos ao consumidor. Do valor total de cada inscrição de uma corrida hipotética feita na rua, com 1.000 participantes e de 10 km, R$ 25 iriam para o pagamento de estruturas; R$ 12, para taxas públicas e licenças; R$ 30, para o kit (além de camiseta e medalha, água e comida entram aqui); R$ 5, para o marketing da prova; R$ 18, para recursos humanos (staff).

“Essa soma [inscrições mais patrocínios] tem de bancar todos os custos e ainda deixar algum lucro”, disse Edgard Santos, diretor administrativo da Corpore.

“O tíquete médio líquido é o valor da inscrição depois de abatidos os 50% de desconto para quem tem 60 anos ou mais, a taxa do boleto para o banco, a taxa dos cartões e alguns impostos”, afirmou. “Se eu multiplicar a quantidade prevista de inscritos pelo tíquete médio líquido, tenho a previsão de receita da inscrição líquida.” Retirados os custos, obtém-se o que sobra para o organizador.

Com a ajuda de patrocinadores, é possível reduzir o preço das inscrições, uma vez que o organizador fica financeiramente menos dependente delas para fazer o evento “empatar” ou dar lucro. É por isso que projetos aprovados em leis de incentivo são mais em conta: muito mais facilmente conseguem o patrocínio, já que, para as empresas, compensa mais destinar o dinheiro ao evento e ganhar retorno publicitário que pagar aquela quantia em imposto e não ter um ganho de visibilidade.

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Comentários


  • Rennan Bontempo disse:

    Não é tão simples como parece. Primeiramente, mesmo que seja via Lei de Incentivo, não é nada fácil de captar patrocínio. Em segundo lugar, muitas vezes o projeto inscrito é aprovado para menos da metade do que o número total de inscritos. Muitos itens previstos são recusados e a instituição proponente precisa se virar para consegui-los.

    A conta é simples: uma corrida para 10 mil pessoas custa X, mas a captação liberada é apenas para 1/2 X.

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