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Automobilismo 12/11/2014

Torcida dá recado em Interlagos: não aguenta mais distância que F1 impõe

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Torcida na pista de Interlagos (Reprodução/vídeo)

Torcida na pista de Interlagos (Reprodução/vídeo)

A invasão de pista ao fim do Grande Prêmio do Brasil de domingo passado, 9 de novembro de 2014, mostrou que os espectadores querem mais que ficar sentados em uma arquibancada desconfortável e debaixo de sol por muitas horas. A grande distância que é imposta pela Fórmula 1 está cada vez menos aceitável. O público conhece como funcionam outros eventos automobilísticos internacionais e sabe que é perfeitamente possível uma categoria dar atenção aos fãs e permitir que se aproximem de carros e pilotos. Aqueles que saíram da arquibancada A e foram ao asfalto de Interlagos ansiavam por interagir com o espetáculo, não mais lhes sendo suficiente a condição de coadjuvante.

Quando a Indy corria no circuito do Anhembi, na zona norte de São Paulo, no sábado de treinos torcedores normais podiam transitar pela área de trabalho das equipes, no pavilhão de exposições; no domingo, ainda podiam observá-las lá, mas com circulação limitada. Nas 6 Horas de São Paulo, cuja terceira edição acontece no próximo dia 30, os espectadores podem caminhar pelo pit lane em horários pré-estabelecidos e pedir autógrafo aos pilotos do WEC, o Campeonato Mundial de Endurance, que têm de estar lá para isso.

Na Fórmula 1, quem paga um ingresso de R$ 525 – valor inteiro mínimo – não tem direito a nada disso. Os que ficam nos setores G e A, os de bilhete “mais barato”, chegam bem cedo ao autódromo de Interlagos, enfrentam uma longa espera pela corrida da Fórmula 1, que começa geralmente às 14h, sentam-se no concreto ou na madeira – e não em assentos individuais –, tomam chuva… Os que invadiram a pista, os do A, haviam pagado R$ 695 por um ingresso inteiro ou R$ 347,50 por uma meia-entrada.

O Superbike Series Brasil apresenta um formato não muito comum no país: é possível o público ver de graça as corridas da arquibancada e, opcionalmente, pagar 10 reais a fim de visitar os boxes. As vendas de passe de visitação são mais frequentes nos Estados Unidos. É uma solução interessante para que o espectador possa se sentir mais perto da categoria. Na Fórmula 1, existe visitação, mas para quem está em setores em que normalmente ficam convidados de patrocinadores.

Com a ajuda de um alicate, que acabou sendo entregue ao tricampeão Niki Lauda, para cortar o alambrado, os que invadiram a pista no domingo deram um sinal aos dirigentes de Fórmula 1 e GP do Brasil de que estão cansados de estarem sempre em segundo plano. Ali, diante do pódio, vistos e elogiados por Felipe Massa, terceiro colocado, eles realmente fizeram parte do evento. E já fazia mais de 21 anos que isso não acontecia – desde que a torcida comemorou com Ayrton Senna, na Reta Oposta, vitória em 1993.

É necessário se pensar em alguma forma de a Fórmula 1 atender aos anseios de quem vê de perto as corridas. Em Monza, na Itália, a liberação da pista aos espectadores quando o GP acaba já é tradicional, mas não necessariamente o que dá certo lá funcionaria aqui em Interlagos, principalmente em um dia de revolta da torcida por algo que tenha acontecido na corrida. A mensagem foi dada pela torcida, porém. E está clara.

Assista a vídeos da invasão:

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