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Automobilismo 16/11/2015

Ver amigos remedia tedioso GP Brasil em Interlagos; insegurança é sentida

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Bandeirão no setor G de Interlagos (Douglas Vianna)

Bandeirão no setor G de Interlagos (Douglas Vianna)

Imagine só a seguinte situação: você vai a uma festa de aniversário e, apesar de gostar do aniversariante, ele não lhe dá muita atenção e o evento em si é decepcionante por uma série de motivos. Um dos únicos pontos positivos é estar com seus amigos, muitos dos quais você não encontrava havia um ano. Assim se sentiram dois torcedores que foram ao autódromo de Interlagos no fim de semana passado. Diante de um Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 tedioso, olhar para os lados e ver rostos conhecidos foi mais empolgante que olhar para a frente e assistir a uma corrida que foi uma das piores da categoria já disputadas no circuito paulistano.

O amazonense Renner Silva desde 2009 vê o GP do Brasil em São Paulo, mas em 2015 se surpreendeu. “Venho de tão longe, de Manaus, para curtir isso tudo. Mas neste ano encontrei algumas situações. A primeira é a falta de público tanto nos treinos como na corrida; não sei se isso é reflexo do próprio evento [a Fórmula 1] ou se a crise no Brasil de fato afetou o bolso de quem curte automobilismo. A segunda é a falta de opção para bebida, comida. A terceira é a mais grave: faltou segurança, e pessoas conseguiram entrar com o que queriam no autódromo”.

Esportivamente o evento também foi decepcionante. “Não tivemos muitas surpresas durante os treinos e a corrida, que foi uma das mais chatas que já vi em Interlagos. Os brasileiros não tiveram uma atuação muito boa: o Felipe Massa foi até desclassificado por problema técnico e o Nasr não conseguiu segurar as posições que ele havia conseguido. E a chuva infelizmente não chegou”, afirmou. O pódio mais previsível da temporada, formado por Nico Rosberg, Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, se concretizou (restava saber qual dos pilotos da Mercedes venceria a prova).

Mas a festa é ainda o que vale: “O que é interessante para mim é poder encontrar alguns amigos. Conversamos durante o ano todo sobre Fórmula 1 e fechamos o ano com essa nossa reunião. Por causa dela o fim de semana valeu muito”.

Augusto Roque, que, assim como Renner, ficou na arquibancada G, notou falta de público. “Era incrível ver na placa dos 50 metros, onde estávamos, que por volta do meio-dia do domingo ainda havia lugares disponíveis, um feito inédito. É nítido que as arquibancadas neste ano estavam menores: os espaços [entre os degraus] estavam maiores”, declarou.

GGOO reunida em Interlagos em 2015 (Douglas Vianna)

GGOO reunida em Interlagos em 2015 (Douglas Vianna)

Apesar disso, o professor, um dos fundadores da torcida GGOO (Galera do “G” Organizada no Orkut), sentiu uma sensação de insegurança em alguns momentos: “Mas ainda bem que houve pouco público, porque a arquibancada estava flexível. Quando o pessoal se agitava um pouco mais, a arquibancada inteira criava jogo”.

“Também senti falta de segurança lá dentro para organizar as coisas. Por mais que não houvesse tanta gente, pela primeira vez vi briga. Observei muita gente com garrafa de vidro [o que teoricamente é proibido pela organização]. Teve gente que até entrou com uma de whisky. E a estrutura é bem precária. Os banheiros eram a única coisa com funcionamento adequado, com papel, água… Havia poucas opções de comida e lojas [no G], e as bebidas eram extremamente caras. Um combo de lanche custava de R$ 30 a R$ 40”.

O professor espera que os organizadores do GP pensem mais em quem vai ao setor G, uma arquibancada tubular. “Vamos esperar que todas as obras sejam concluídas e, de uma vez por todas, pensem nas pessoas que ficam nos setores ‘mais populares’, porque elas pagam ingresso também e elas merecem ser tratadas com respeito e dignidade”, declarou.

Ingressos inteiros do G custavam R$ 525, mesmo valor do Q, nova subdivisão do tradicional setor da Reta Oposta. Portadores de cartões do Banco do Brasil tinham desconto.

Turismo no GP do Brasil de 2015

Uma pesquisa da SPTuris apontou que 43% do público que prestigiou a corrida era de fora da capital paulista. E, entre esses turistas, quase 16% eram estrangeiros. A maior parte dos visitantes (79%) escolheu os hotéis para se hospedar. A ocupação média de toda a rede hoteleira paulistana ficou em mais de 74% no fim de semana do GP do Brasil. E só 17% dos turistas se hospedaram em casas de amigos ou parentes. O restante ficou em outros meios de hospedagem, como hostels, casas ou apartamentos alugados. Homens, segundo a pesquisa, representaram 88% do público.

Embora o Ministério do Turismo tenha investido R$ 160 milhões em Interlagos, os torcedores que não podem pagar ingressos ainda mais caros se queixam da estrutura do autódromo, que pertence à Prefeitura de São Paulo e é administrado pela SPTuris. Não faz parte do plano construção de novas arquibancadas permanentes.

Do lado de fora do autódromo, a “maquiagem” feita pela Prefeitura de São Paulo na região do circuito não foi executada desta vez. Muros e prédios do Cingapura, por exemplo, não foram pintados “para turista ver”.

De acordo com a organização do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, 136.410 pessoas foram ao autódromo de Interlagos durante os três dias de evento, de 13 a 15 de novembro. E em 2014, segundo os organizadores, menos gente esteve lá: 133.109.

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Comentários


  • Carlinhos disse:

    Querem respeito?
    Primeiro dêem respeito ao outros espectadores que vão e são xingados.
    Eu quero mais que todos se ferre, pois vocês não merecem mais do que já tem.
    Fui hostilizado, junto com minha esposa faz poucos anos.
    Pensando bem, você professor, não merece nada.

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