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Viva Pacaembu diz: ‘Chamamento público não deveria ter ocorrido’

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Estádio do Pacaembu (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

Estádio do Pacaembu (Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

A Viva Pacaembu por São Paulo, associação dos moradores do belo bairro paulistano, entende que nem sequer deveria ter sido iniciado um chamamento público como o publicado pela Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação em janeiro de 2015. Em entrevista ao Esportividade, o presidente da entidade, Rodrigo Mauro, criticou o fato de, embora haja desde 2005 uma decisão judicial que proíbe eventos não esportivos no complexo, a prefeitura querer que o estádio retome “vocação como espaço para eventos culturais”.

Rodrigo questiona também a possível concessão do estádio a um agente privado. “Todo esse chamamento não deveria ter ocorrido. Na verdade, o bem é público e deveria continuar a ser administrado pela secretaria. Já começa por aí o erro. O texto tem algumas incongruências – e não só a história do estacionamento. Quando eles falam de esporte e entretenimento [é incongruente] por causa da liminar”, disse.

A exigência da construção de um estacionamento para no mínimo 2 mil veículos também é questionada por Rodrigo. “O estacionamento é outra coisa. Querem fazer como? Não dá para construir edifício-garagem, no subterrâneo não é possível… O valor de R$ 300 milhões é muito fora da realidade. E por isso é difícil as empresas conseguirem entrar no chamamento. Conversamos com várias e todas falaram justamente isso sobre o preço estimado”, afirmou.

O que a Viva Pacaembu por São Paulo sugere ao complexo é uma “fábrica de atletas”, centro de formação de competidores de modalidades olímpicas. “Estaria de acordo com a lei e teria um cunho social, pois poderia receber crianças carentes de toda a cidade de São Paulo”, de acordo com Rodrigo, segundo o qual esse projeto foi apresentado à secretaria ainda em 2010.

Decisão nas mãos do secretário

Dos sete interessados em realizar estudos a respeito da modernização do Pacaembu – inclusive com reforma de quadras e piscina –, da restauração da parte tombada e de um modelo de negócios viável, três foram desqualificados por uma comissão especial.

A própria Viva Pacaembu por São Paulo está entre essas três por não ter apresentado “comprovação, por meio hábil, de sua qualificação e capacidade técnica para o desenvolvimento dos estudos propostos, com base em suas experiências em projetos de natureza similar” e não indicou plano de trabalho para realização dos estudos. A Associação Casa Azul, presidida pelo arquiteto do Museu do Futebol, não sua mostrou certidão negativa de tributos federais dentro do prazo estabelecido.

A Latin United Arenas, mais conhecida como Luarenas, responsável pela operação do Castelão (em Fortaleza) e do Independência (Belo Horizonte), também não apresentou a “comprovação de sua qualificação”. A Latin United Arenas é a empresa que negociava com o Santos para que o clube mandasse 30% de seus jogos no Pacaembu.

Agora será o secretário de Esportes, Lazer e Recreação, Celso Jatene, que vai decidir sobre a “autorização de todos os interessados” e ordenará abertura do prazo para a elaboração dos estudos. Quando eles forem concluídos, será iniciada uma licitação, e a empresa cujo projeto foi escolhido poderá tentar ser a contratada.

A prefeitura gasta cerca de R$ 9 milhões por ano com o Pacaembu.

Na gestão Kassab…

Uma reportagem publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo” em 14 de setembro de 2011 dizia que o então prefeito paulistano, Gilberto Kassab, queria que o estádio Paulo Machado de Carvalho passasse a ser “um local para grandes shows e eventos, coberto e com um estacionamento subterrâneo para 2.000 veículos”. Mas, no caso, haveria redução de capacidade para 25 mil lugares (a secretaria hoje em dia pede 40 mil). A cobertura, com isolamento acústico, ocuparia parte das arquibancadas atuais, “o que reduziria a capacidade do estádio, mas o telhado não seria visto do lado de fora, mantendo as características da fachada art déco”.

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