São Paulo - região metropolitana
Diário de Ferro 04/09/2013

Você é o que você come

Por Maurício Ramos

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E se eu te dissesse que inventei uma pílula capaz de reduzir o nível de colesterol no sangue, a hipertensão e a obesidade? Se esse mesmo remédio curasse a diabetes tipo dois e normalizasse o sono, a irritabilidade, o nervosismo, a depressão, a concentração, o nível de energia e muitas outras áreas da vida? Você provavelmente não acreditaria e, se acreditasse, perguntaria quanto custa. Esse remédio, de fato, existe e procuro demonstrar por meio de experiência empírica. E o melhor de tudo: é de graça!

Esse remédio não é propriamente uma pílula, comprimido, composto ou uma substância em pó ou líquido. É uma nova abordagem a alimentação, uma forma de vida saudável, muito longe da verdade, mas podemos chamar de uma dieta, uma escolha alimentícia benéfica para o organismo, o bolso e o meio ambiente.

Amanhã [23/08/13] embarco para Brasília, competirei no meio Ironman Brasil. Entretanto, tive apenas um mês para me preparar devido alguns problemas de saúde. Com tão pouco tempo para treinar, foi optado por usar essa dieta para aumentar a capacidade aeróbica, dessa forma obrigando o corpo a queimar gordura em vez de carboidrato. Há aproximadamente quarenta dias, fiz um exame de sangue que demonstrou uma glicemia pouco acima do normal e níveis de triglicerídios elevados. Talvez um prenúncio de diabetes e problemas cardíacos. A medicina ocidental convencional observa com desinteresse meu exame e me prescreve remédio para o resto da vida. Tornando-me um doente vitalício que contribui para o lucro de planos de saúde e da indústria farmacêutica. A culpa da doença provavelmente cairá sobre meu código genético, um passado de má alimentação e de excesso de álcool.

Minha alimentação não é abusiva: desde que comecei o triatlo resolvi comer melhor, reduzi o fast-food, as frituras e as gorduras. Comecei a comprar produtos low-fat, diet e zero. Aumentei o consumo de frutas, farinha e cereais. Esse é o cenário de alimentação perfeito para a ciência comercial. Pouco sabia que era exatamente essa dieta que contribui para o aumento de problemas cardíacos e do surgimento da diabetes. Se, de fato, existisse uma cura milagrosa, como me foi informado, queria descobrir por conta própria, usando o meu corpo como cobaia.

Robert Atkins morreu em 2003, foi um cardiologista com mais de vinte e cinco milhões de pacientes. Ainda na década de sessenta, ele percebeu que a dieta no começo do século vinte dos estadounidenses era composta basicamente por proteínas e gorduras (Quem não lembra de uma avó ou tia que cozinhava com banha?). Em contraposição, a dieta se transformou primariamente em carboidratos e proteínas, apesar da quantidade de proteínas ter diminuído. E o que aconteceu durante o século vinte? À medida que a dieta diminuiu em quantidade de gorduras e aumentou em quantidade de carboidratos, os problemas cardiovasculares começaram a crescer. Os estudos comparativos a esse respeito não são questionáveis. A verdade é que condenamos injustamente a gordura para satisfazer a produção agrícola voltada ao trigo.

O arroz, por exemplo, na natureza não é colhido branco da forma como encontramos nos mercados. Para o arroz se tornar branco é necessário que passe por um processo de refinação. Isto é, ele será polido até que toda a parte amarronzada seja eliminada e sobre apenas seu interior branco. Essa parte central é composta apenas de carboidratos, ou seja, açúcar complexo. Tudo aquilo que foi rejeitado, por ter uma cor menos atrativa, era a parte mais nutritiva, a parte que continha vitaminas, sais, gorduras e proteínas. Hoje, podemos comprar, por um preço exorbitante, o arroz em sua forma integral, ou seja, integrada com os elementos completos do alimento. O mesmo acontece com a farinha refinada. O pão branco, feito de farinha refinada, é açúcar. O pão preto, em contrapartida, ou o pão integral, é infinitamente mais rico e completo como alimento.

Anulada a condenação da gordura e com o novo julgamento que condenou os produtos refinados, açucares e low-fats, essa nova forma de encarar a saúde mesmo assim não foi para frente. Esbarrou nos interesses da medicina comercial, nas indústrias farmacêuticas e na produção agrícola. Podemos lembrar da pirâmide de alimentos, criada nos Estados Unidos, que sugeria que uma pessoa necessitava de oito porções de carboidratos, em maior parte derivados de trigo, no dia. Essa pirâmide foi criada justamente pelo departamento de agricultura e não por algum órgão de saúde; será que pode haver algum interesse financeiro? Interessa para o lucro que sejamos doentes, hipertensos, obesos e diabéticos para a vida inteira. Após a morte do Dr. Atkins, seu centro de cardiologia foi comprado por centenas de milhões de dólares, em seguida foi fechado, para não interferir no lucro.

Para quem se entusiasmou com esse breve texto e quer conhecer mais sobre o Atkins nutricional approach pode conferir seus livros e se consultar com um nutricionista; garanto que os efeitos serão tão benéficos que isso mudará sua vida para sempre. Para os descrentes, pretendo, por meio das minhas experiências retratar minha vivência com essa dieta, além de publicar meus hemogramas e funções renais para podermos entender em primeira mão os efeitos dessa dieta. Mas já adianto que não passo fome, minha concentração aumentou, o rendimento nos treinos aumentou, meu sono melhorou e hoje sou uma pessoa mais calma, feliz, menos irritada e estressada.

Foto: Amanda Nicolosi/Poppin Produções

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