São Paulo - região metropolitana
Ciclismo 10/10/2018

Com taxa de R$ 30, Yellow deixa, por ora, de ser vantajosa para a maioria

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade

Bicicleta da Yellow no parque do Povo (Esportividade)

A Yellow começou a operar em São Paulo há pouco mais de dois meses com uma proposta até então inédita na cidade: as bicicletas, desde que estacionadas corretamente, poderiam ser devolvidas em qualquer lugar da capital paulista sem que isso significasse prejuízo ao usuário. Essa liberdade era o grande diferencial do aplicativo, mas foi parcialmente abolida em outubro. Agora, se o ciclista devolver a bike em um lugar não pertencente à área de operação, pagará taxa de retorno de R$ 30.

A empresa delimitou uma região da cidade que, basicamente, vai do parque Villa-Lobos e da Cidade Universitária, na zona oeste, a Santo Amaro, na zona sul, passando pelos parques do Ibirapuera e do Povo. Nem sequer a avenida Paulista faz parte dela.

Yellows estacionadas em frente ao parque do Povo (Esportividade)

No início das operações, a empresa já tinha dito que distritos vizinhos do rio Pinheiros seriam seu foco inicial, mas não havia mencionado cobrança de taxa de retorno na capital paulista. Os R$ 30 de “multa” equivalem a sete horas e meia de uso da bike, já que 15 minutos custam um real.

Essa nova política reduziu bastante o número de bicicletas nas outras regiões da cidade, gerando reclamações dos usuários em redes sociais.

Luiz Felipe Marques, diretor de comunicação da Yellow, disse que a empresa fez essa opção por ainda não contar com nem 20% do número de unidades suficientes para atender de forma adequada a uma cidade como São Paulo. “Seriam necessárias entre 100 mil e 120 mil”, afirmou.

“O sistema de bicicletas compartilhadas sem estações [dockless] precisa de um grande volume de bikes por região para que o usuário sempre tenha uma bike disponível para uso – o que envolve também a operação e a manutenção dessas bicicletas.”

Segundo ele, pelos planos iniciais, a empresa atuaria em cerca de 40 km²; hoje já está em 62 km². “A medida foi tomada justamente para controlar a área de atuação e garantir bicicletas sempre disponíveis aos usuários.”

Central de bloqueio e desbloqueio: ciclista usa código da bike no app para poder iniciar viagem

Descartou erro estratégico no início das operações: “Não houve. A delimitação de uma área estava prevista desde o princípio e é necessária para um crescimento saudável, responsável e acessível do serviço. Todas as operações de compartilhamento de bicicletas sem estação do mundo operam nesse modelo”.

Também negou que a liberdade oferecida pelo dockless tenha sido comprometida. “É exatamente assim que esse modelo funciona ao redor do mundo, inclusive com as taxas de retorno cobradas”, declarou. “E essa liberdade em torno do uso depende de um fator prévio: a disponibilidade de bikes”. De acordo com ele, haver poucas bicicletas disponíveis em uma área muito grande limita mais o uso que a delimitação da área.

O diretor de comunicação ressaltou que foi verificado que bicicletas localizadas em “regiões muito afastadas” são muito menos usadas. “Essas mesmas bikes, em uma região de maior demanda, apresentarão uma taxa de utilização muito maior, ou seja, mais gente poderá utilizá-las.”

“Houve casos de bikes estacionadas em outros municípios, em que a Yellow ainda não tem autorização para atuar, o que poderia acarretar problemas. O preço do serviço e as próprias bicicletas foram pensados para trajetos curtos.”

Visitantes do parque do Povo usam bikes da Yellow (Esportividade)

A ausência da região da avenida Paulista da área de atuação inicial é questionada por muitos usuários, já que ali a demanda é altíssima, como disse o próprio Luiz Felipe: “Por isso, precisa de uma atuação específica para ser bem atendida”.

Também disse que ali, nas ruas das imediações da avenida mais famosa de São Paulo, há muitos aclives e declives, “o que tende a fazer com que as bikes fiquem restritas à avenida e tenham pouca capilaridade”. A Yellow ainda estuda “a forma mais responsável de incluí-la em sua área de cobertura”.

Às vezes, quando uma bicicleta está aparentemente livre, não pode ser usada: “Para regiões distantes do nosso centro de operações, temos de bloquear as bikes em alguns horários para garantir que as manutenções preventivas sejam feitas e as bicicletas fiquem confortáveis e, principalmente, seguras para os usuários”.

Vídeos foram publicados na internet com cenas de depredação de Yellows em São Paulo, mas a empresa afirmou que esses danos estão dentro de sua previsão.

Comentários


  • Drika de Jesus disse:

    O mapa de local deles é praticamente a mesma região da Bike Itaú.
    Compensa bem mais “andar um pouquinho” (ter que devolver nas estações) pois o custo diário sai por R$ 0,66 no plano diário.
    E pode pedalar diariamente de GRAÇA por 1h. Quantas vezes quiser!

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