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Futebol 08/09/2014

Por meio do futebol, brasileiras conseguem bolsa de estudos nos EUA

Por Andrei Spinassé, editor do Esportividade
Marjorie Castro com a seleção sub-17 em 2013 (Rafael Ribeiro/CBF)

Marjorie Castro com a seleção sub-17 em 2013 (Rafael Ribeiro/CBF)

Ter o futebol como profissão única é para poucas mulheres no Brasil, uma vez que a maior parte das jogadoras não consegue ganhar o suficiente para não precisar dividir atenção com outra atividade. Mas duas jovens jogadoras do Centro Olímpico, a equipe campeã do primeiro Campeonato Brasileiro feminino da modalidade, mostram que todo esse esforço pode valer a pena. Marjorie Castro e Gabriela Nunes são duas das quatro jogadoras do time paulistano que obtiveram uma bolsa para jogar e estudar na Universidade Internacional da Flórida, em Miami, mesmo lugar onde a seleção brasileira masculina adulta treinou no domingo, 7 de setembro de 2014.

As atacantes já têm uma história juntas: em 2013 ambas foram convocadas pela treinadora Emily Lima para a disputa do Sul-Americano com a seleção brasileira feminina sub-17, e houve jogos em que uma entrou no lugar da outra. No ano que vem serão mais uma vez colegas de equipe.

A história da entrada de Marjorie, 17 anos, no futebol é curiosa. Tudo começou quando, aos 14 anos, ela jogava bola com seu irmão na praia. “Coincidentemente havia um auxiliar técnico lá, e ele me viu jogando, quis conversar com meu pai e falou sobre o Centro Olímpico”, contou. Depois de uma semana de treinos com outras meninas, ela foi aprovada e começou a integrar o time de base. Gabi foi indicada por uma pessoa do profissional, que entrou em contato com seu irmão. Também fez teste e ingressou na equipe.

No Centro Olímpico, que é vinculado à Prefeitura de São Paulo, elas dizem receber “muito pouco” dinheiro. Mas, como ainda estudam, moram na cidade e suas famílias ainda têm condições de sustentá-las, conseguem se dedicar mais ao futebol. “Mas a maioria das jogadoras têm de trabalhar com outra coisa. Na atualidade, não conseguimos sobreviver só com o dinheiro do futebol. Por isso, várias meninas ficam pelo caminho – elas são muito cobradas pela família”, disse Marjorie.

Gabriela Nunes com a seleção sub-17 em 2013 (Rafael Ribeiro/CBF)

Gabriela Nunes com a seleção sub-17 em 2013 (Rafael Ribeiro/CBF)

“Muitas vêm para São Paulo por conta própria; gastam seu próprio dinheiro para poder jogar em um time de alto nível”, afirmou Gabi, 17, há três anos jogadora do Centro Olímpico. Ela, assim com Marjorie, mora com familiares. Mas existem garotas da equipe principal do Centro Olímpico que dividem um apartamento bancado pelo time, o que não ocorre com jogadoras da base.

Uma grande oportunidade, porém, surgiu para a dupla. “Graças a Deus recebemos uma proposta de uma universidade lá de fora. O futebol abre portas. Você tem de ter, além de sorte, muita dedicação. É muito trabalho para conseguir encontrar algum meio de sobressair na vida. Conseguimos essa bolsa”, declarou Marjorie. “Algumas outras meninas não têm a mesma sorte.”

Gabi contou como os norte-americanos chegaram a elas: “Eles vieram ver meninas brasileiras jogar. Já que o Centro Olímpico é referência aqui no Brasil atualmente, eles foram lá ver jogos da base e acabaram gostando de quatro meninas do COTP”.

Na universidade de Miami, Gabi quer cursar arquitetura; Marjorie, jornalismo. Outra que ainda pensa em ser jornalista é a versátil jogadora Erika Cristiano dos Santos, do Centro Olímpico e da seleção brasileira principal.

Ela diz ser uma das poucas que conseguem viver só do futebol: “Mas não sei até quando, porque quando você tira, tira e não repõe um dia acaba. Temos esse medo. Eu não sou formada ainda. Mas espero me formar em jornalismo, educação física; gosto do jornalismo. Hoje consigo me sustentar, ajudar a família de alguma forma. Mas não consigo bater no peito e dizer que estou tranquila. Daqui a um ano, se eu não repuser esse dinheiro, não terei mais. Daí pode ter certeza de que pararei de jogar bola e farei outro trabalho, pedirei algum espaço para alguém”.

“Sou minoria, infelizmente. Umas param de jogar. Outras ainda jogam, mas na parte da tarde ou da noite vão trabalhar em outra coisa. No Brasil, é difícil se manter jogando futebol feminino”, resumiu a atleta, que gostaria que houvesse um calendário definido com boa antecedência para que os times pudessem buscar patrocínios com mais certeza do que teriam pela frente.

A segunda edição do Campeonato Brasileiro feminino começa nesta quarta-feira com 20 clubes – o Flamengo desistiu da competição. Representam o Estado de São Paulo, além do Centro Olímpico, Ferroviária, Portuguesa e São José, vice-campeão de 2013. O torneio, cuja operadora é a empresa SportPromotion, tem o patrocínio da Caixa e apoio do Ministério do Esporte.

Comentários


  • Neide Trindade dos Santos Geraldo disse:

    Boa noite como vocês podem me ajudar a minha filha milena Santos joga deadequado de 5 anos já jogou no juvento na mooca sempre correndo atrás de se profissional jogou aqui em maua sao Paulo é agora ta lá em fraca no interior mas técnica falou que ela ia treinar pr ela começar ganha bolsa queme ê nova começar ganha 700 reais agora veio com esta conversa atreta mas não foi nada da quilo falou se ela quisece ela ficava lá um 6 meses quiser paga os gasto por conta dela e a milena falou que tem menina que não joga nada e são todas sem pote e as meninas só joga por causa do dinheiro e a milena quer jogar por amor pelo futebol como vocês podem me ajudar ê o sonho da minha filha joga múlto ñao é coisa de mãe me ajudar ela tem 21 anos a marta ficou profissional já tava com 21 anos me desculpe pelo erros de português mães neide Trindade

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